quarta-feira, dezembro 22

Dizem que só somos realmente felizes quando damos o que temos, mas na verdade o que é que nós temos? As pessoas só dão aquilo que têm a mais: carências, ódios, invejas, incertezas, tristezas e revoltas e acabam por transportar tudo isso para nós e insistem de tal forma até ficarem gravadas em nós. E como achamos que estamos a fazer bem em "tirar o peso dos ombros" aceitamos porque achamos que o nosso sorriso lhes alivia a alma e a nossa mão lhes acalma a dor. Pois estamos enganados. Ou secalhar até não, realmente podemos e estamos a ajudar e sentimos-nos bem com isso mas a verdade é que essa sensação é efémera. Acumulamos de tal forma os problemas dos outros que nos deixamos arrastar e acabamos por nos perder. Por nos perdermos numa selva sem fim, armadilhada e escondida. E quando achamos que vão estar lá sentados numa rocha à nossa espera, para nos resgatar e criar um abrigo onde finalmente nos sintamos seguros, rapidamente percebemos que já somos algo (ou alguém) esquecido. Ficam as promessas apagadas em barro, e agradecimentos escritos na areia.
Ficam pensamentos ocos a rasgar-nos o interior, ficam mapas rasgados em mil pedaços, ficam palavras ecoando em nós, nada mais. Não encontro a saída, vou-me embrulhar numa manta de saudade e proteger-me com um escudo de promessas. E esperar, enquanto tento montar o mapa que rasgaram. Resta-me esperar, nada mais.

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