quinta-feira, agosto 6

Sim, eu tenho uma coisa que te devia dizer. Aliás, mil coisas para te dizer. É sobre “nós”.
Nós?
Sim, nós! Um nós que não existe. Sim, talvez por minha culpa porque deixo guardado aquilo que por mais que doa eu decido deixar trancado em mim, como que… uma roda da sorte feita de lâminas que roda e roda dentro de mim.
Procurei na solidão a solução para minha dor mas simplesmente não há solução. És alguém que vai morrer comigo no meu pensamento, és a razão da minha existência neste mundo que se tornou uma selva impossível de habitar. Por mais irónico que seja sim és a razão do meu viver. Ó meu Deus mas isto é tãão cliché.
Mas torna-se algo impossível de explicar, ver teu sorriso é como… eu sei lá. É tudo para mim. Torna-se doentio viver assim, quando oiço teu nome é como se mil bombas rebentassem em simultâneo no meu coração.
E aqui estou como se a lamentar-me. Não estou. Estou a tentar secar minhas lágrimas que lavam o caminho que tu passas.

E aqui estou.
Estou sozinho, eu sei. Não vale a pena chamar. Não vale a pena gritar por alguém.
Jamais alguém me ouve, gritos que ficam presos em mares e montanhas que escalei para ter a certeza que tu, aí em baixo, vives feliz, vives num mundo onde não haja nenhum obstáculo porque eu asseguro-me que teu caminho será um esboço teu e não um esboço que alguém decidiu pintar de negro como o meu. Asseguro-me que teu caminho será aquele que te faz mais feliz por mais pesos que eu tenha de carregar, por mais que eu tenha de suportar porque qualquer árvore que decida esmagar-me e se for preciso matar-me para te fazer feliz, assim será.
Pois é, realmente é estranho teres mudado completamente a minha vida sem te aperceberes. Mas, não sei como dizer isto, fodasse!!! não consigo escrever… minhas mãos parecem… pedra.
Pedra de uma calçada que tu pisas e não dás sequer conta.
Não tens culpa, claro que não. O destino ou o que quer que isto seja é que decidiu com que assim fosse. Talvez a minha dor ajude alguém que precise mais do que eu. Ou que pelo menos consiga, porque é impossível saíres da minha vida. Não sei porquê, nem até quando vou viver assim. Talvez para sempre porque eu sou a tal pedra que depois de gasta é atirada ao mar ou ao poço aquele onde habito para me esconder da verdadeira selva onde vivo aliás vivem. Onde tu passas para ir para um destino onde eu não pertenço, fui pedra do teu caminho, caminho esse onde não pertenço. Se tiver de dar minha vida para assegurar que no fim pisarás o paraíso, acredita que não hesito.
Ó meu Deus que parvoíce como é possível alguém ser como eu?
Ok, como é que alguém, desta maneira, passa a ser único e qualquer centímetro de meu reles corpo?
Como é que ?
É tudo tão estranho, ninguém imagina que debaixo de meu sorriso está… está isto.
Talvez seja só um filme meu, e minha maturidade não seja suficiente para “ seguir em frente “ mas não se escolhe. Jamais, eu se pudesse escolhia viver assim mas apodera-se completamente. É como quilos de nicotina injectados directamente para o Cérbero sem tempo para qualquer reacção.
Tornou-se vida simplesmente. Adormecer quase de dia lavado em lágrimas é rotina não porque eu escolhi mas porque mil e uma faces tuas voam no meu pensamento, porque as tuas palavras, a tua voz são o meu sustento. Acordar agarrado a uma almofada ou abraçado a mim próprio faz-me pensar até que ponto o meu subconsciente já não é dependente de ti.
Eu não escolhi isto.
Mas se quero mudar isto? Viver sem ti?
NÃO!

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