sinto-me usado. só e apenas isso. como uma lata de refrigerante do mais rasco que há mas que nos mata a sede quando estamos completamente desesperados. no momento em que estamos completamente saciados rimo-nos dela porque vimos que ela é tão rasca que realmente não compreendemos o porquê de a termos adquirido e deitamo-la fora como fazemos com as bordas do tecido do nosso ego que sobrou. eu sou essa lata: rasca, usada e gozada. mas eu não obriguei ninguém a beber do meu refrigerante, aliás eu tentei ser o melhor refrigerante porque no fundo eu só queria satisfazer as vossas mais infimas e luxuosas necessidades. parece que não chegou, mas ainda me pergunto: se há por aí refrigerantes mais saborosos e com latas mais bonitas porque é que deram vida a este sumo que está esquecido nas prateleiras há tanto tempo? só queria perceber porque consumiram o pouco de mim e depois me atiraram para o caixote do lixo? eu realmente tentei satisfazer-vos a sede. e acreditava que já se tinham adaptado ao meu verdadeiro sabor, pelos vistos não.
mas eu continuo a ser essa lata, mas mais amolgada e desta vez sem conteúdo.

- Até um dia.