terça-feira, novembro 18

linha morta.

[escrevo no silencio para apaziguar o ruído que se faz notar na minha cabeça. 
todas as palavras de despedida que hoje ouvi, ecoam, e portanto não escrevo ao som de nenhuma música como sempre faço: porque hoje o silencio celebra a minha deadline.]




bem que posso escrever o quanto não quero sair daqui. não importa, as palavras são para mim o maior poder que temos, mas não páram o tempo, nem mudam o amanhã. o amanhã para mim já é fora da deadline.
as deadline, meu deus. como as detesto: stressam, atrapalham, paralisam. hoje senti-me mais paralisado que nunca. 
foram seis meses a trabalhar sempre com a obrigação de ter feita uma mensagem naquele segundo, para que milhões a vejam, a leiam e a oiçam. e recordo as centenas de momentos em que via o relógio passar e uma hora de entrega. assim foi, e na verdade foi o melhor que até hoje me podia ter acontecido. mas que acabou, porque hoje foi a hora de entregar a mensagem que menos queria deixar: o adeus.
mas o bom das deadline é que nos fazem desafiar e proativar alguém que nem sabemos que existe dentro de nós. 
parto assim, a saber mais de mim mesmo, dos outros e do mundo. e com a lição de que uma deadline pode ser detestável mas que nos deve permitir usufruir de cada segundo antes de algo ir para (a)o ar. mesmo que esse algo sejamos nós mesmos.



rf
last day in lisbon 20.11.2014

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