sábado, dezembro 18

Não tenho força para chegar à meta que me foi imposta, o meu corpo mantém-se imóvel, sem reacção enquanto dirijo um barco que há muito está à deriva no oceano. Não há faróis, bóias e nem uma estrela no céu que me dê alento. Não há bússolas, radares nem sequer um bote de salvação que me leve até à margem mais próxima. Resta-me apenas o som das ondas a bater no casco do barco, o vento que faz chiar as âncoras e uma voz no horizonte. Existe o céu vazio, a lua escondida entre duas nuvens e imagem do real a afastar-se. Resta-me esperar que o barco afunde e a furiosa corrente do mar me arraste até o impossível, até ao nunca, sem me deixar ver o nascer do sol e sentir o calor ardente do sol nas minhas mãos. Resta-me esperar que o meu corpo seja um escravo desta maré. Resta-me esperar, nada mais.

1 comentário:

  1. às vezes, na espera surgem vezes que a maré deixa submergir quem não souber resistir. *

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